27 outubro 2013

Conto de Halloween: O garoto no espelho [Vitor Fletcher]

E aí, pessoal? Tudo certo? Bom, como todo mundo sabe, outubro é o mês do Halloween, então para entrar no clima hoje vim aqui postar um conto de "terror" que eu mesmo escrevi, chamado O garoto no espelho. Espero que gostem :D


Ninguém acreditava que a lenda fosse verdadeira, mas entrar na casa de uma feiticeira não era o tipo de coisa que as pessoas de Wisconsin costumavam cogitar.

— Já disse que não, Bryce! — gritou Amy para o primo, erguendo a máscara que estava em seu rosto.

— Por favor, Amy — implorou Bryce, sua voz um pouco mais fina do que geralmente costumava a ser. — Você sabe que é apenas uma lenda. E além do mais, veja só, é Halloween!

— Já disse que não vou entrar na casa de uma feiticeira! — a garota tornou a rosnar, dando-lhe as costas.

Normalmente, as noites de Halloween eram bem oportunas para Amy e Bryce. As duas crianças costumavam sair mais cedo para pedir doces pelas ruas de Wisconsin, onde os moradores costumavam se divertir insinuando que a casa da feiticeira no final da última rua era realmente assombrada, o que explicava o fato de ela nunca mais ter sido habitada.

Segundo a lenda, há algum tempo havia na cidade um jovem casal, os Thompson, cujo o maior sonho era gerar um filho, o qual encheriam de amor e dedicação. Porém, após realizar uma série de exames indesejados, o Sr. Thompson descobriu que seus aparelhos reprodutores não eram fortes o suficiente para gerar um bebê, destruindo então o sonho que vinha dividindo com a mulher. Arrasado, ele decidiu não revelar nada a Sra. Thompson, temendo que algo pudesse afetá-la psicologicamente. Estava disposto a guardar este segredo pelo tempo que fosse necessário.

Passaram-se os meses. Desde sempre, o Sr. Thompson manteve em completo sigilo a descoberta que fizera. Ele nunca havia revelado qualquer tipo de informação a quem quer que fosse, até o dia em que a Sra. Thompson caminhou em sua direção e lhe disse, alto e claro, que estava à espera de um filho seu. O homem, percebendo a traição, foi até a casa da feiticeira que vivia na cidade e pediu-lhe que lançasse uma maldição sobre sua mulher e seu filho bastardo. Em troca, ofereceu-lhe sua alma como objeto sexual, pois estava disposto a se deitar com a primeira mulher que aparecesse em seu caminho. Sentindo-se insultada, a feiticeira se rebelou. Por consequência, ela prendendo-lhe dentro de um grande espelho que ficava no final do corredor de sua casa, mas antes disso costurou-lhe a boca para que o Sr. Thompson não pudesse chamar por socorro. Havia deixado claro ao pobre infeliz que a maldição apenas estaria desfeita no momento em que uma alma mundana dissesse três vezes a palavra Retroke em frente ao espelho, transferindo-se automaticamente para dentro dele, assim ocupando seu lugar. Desde então, nunca mais se ouviu falar no pobre Sr. Thompson.

— Você não precisa entrar na casa — exclamou Bryce. — E além do mais, ela está abandonada há quase dez anos. Ninguém mais mora lá.

— E o que aconteceu com a feiticeira? — perguntou Amy.

— Não sei. Ninguém sabe ao certo. Agora, deixe de ser uma chata e vamos logo até lá.

Amy exitou antes de responder.

— Tudo bem — ela disse. — Mas eu não vou entrar.

— Certo.

Logo, as crianças estavam seguindo em direção a moradia que ficava no final da última rua, deixando alguns doces saltarem de suas sacolas. Não demorou muito até que chegassem perto da pequena escadaria que levava ao topo da varanda da casa. Subiram os degraus até lá. Em seguida, Bryce engoliu em seco e olhou para a prima.

— Já disse que não vou entrar aí — disse Amy, as sobrancelhas semicerradas.

— Tudo bem. Eu entro, então.

— Certo.

— Certo.

Ouve-se um breve silêncio, até que Bryce disse:

— Mas de qualquer forma, se ouvir algum barulho estranho de dentro da casa, grite para a primeira pessoa que avistar.

— Certo.

— Certo.

Bryce respirou fundo mais uma vez e deu um passo a frente. Ao abrir a porta, ouviu-se o rangido da madeira envelhecida. Seu coração acelerou. Sentia o medo crescendo dentro de seu peito, mas não voltaria atrás, não depois de ter chegado tão perto. Ele estava decidido. Continuou andando, um passo após o outro. Logo atrás de seu corpo, a porta se fechou abruptamente com o vento. Engoliu em seco. Continuou a andar, cada vez mais em direção ao interior da casa.

Do lado de fora, Amy roía as unhas. Queria ir atrás de Bryce e trazê-lo de volta para o lado de fora, mas não encontrava coragem para isso. Tinha de admitir, estava apavorada. Nunca havia sentido tanto medo em sua vida.

De repente, o barulho das galochas de Bryce desapareceram dentro da casa. Amy prendeu a respiração. Em seguida, fechou os olhos, esperando ouvir novamente o tilintar de seus passos acoarem pelo assoalho de madeira. Esperava que estivesse tudo bem, tudo perfeitamente certo, mas antes que pudesse acreditar nisso, sua esperança havia sido removida, pois ouviu, alta e clara, de dentro da casa, a voz de Bryce gritando por socorro.

Amy não pensou duas vezes assim que largou o saco de doces no chão e correu em direção a rua, à procura de ajuda, mas não havia ninguém por perto. Amy olhou ao redor, correu, parou e olhou ao redor novamente. Nada. Voltou para frente da casa, quando finalmente viu, se desvencilhando entre as árvores da floresta logo atrás dela, a imagem de um homem correndo para dentro da selva.

— Ei, você aí! — gritou Amy. — Por favor, me ajude!

O homem se virou abruptamente para ela. Ao analisar seu rosto, Amy viu o que pareceu ser uma espécie de linha se entrelaçando em seus lábios. Parecia até mesmo que eles haviam sido... Costurados!

No segundo posterior, ela não soube o que dizer. Apenas se virou e correu de volta para a varanda da casa, abriu a porta da frente, olhou para a escuridão dentro dela e, por fim, entrou.

— Bryce? — ela chamou, mas não obteve resposta.

Onde Bryce poderia estar?

Achou que tudo estivesse perdido quando avistou, caído sobre o assoalho de madeira podre de um dos corredores da casa, um saco de doces transbordando até a boca.

— Bryce? — ela chamou novamente, mas, assim como da outra vez, não obteve resposta.

Caminhou alguns passos, antes que parasse de supetão. Aos poucos, levantou os olhos do chão e tudo o que viu foi o medo em seu reflexo transluzir em um pedaço de espelho. Nada além disso.


Então é isso, esse foi o conto que escrevi para o mês do Halloween. Não sou nada muito bom com isso de escrever histórias, mas espero que vocês tenham gostado.

Por hoje é isso, pessoal! Um forte abraço e tchau, tchau :D

6 comentários:

  1. Nooossa Vitor amei seu conto, super legal, acho que você poderia escrever mais alguns, ou fazer tipo uma continuação pra esse, porque ficou bem bacana mesmo!!! Sucesso pro blog! Beijos!!

    http://meudiariojk.blogspot.com.br/

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    1. Juh!!!! Muito obrigado pelo comentário, me deixou superfeliz (de verdade MESMO)! :D
      Que bom que gostou do conto! Fiquei meio nervoso sobre a reação das pessoas, mas agora me deixou mais tranquilo!!!
      Beijos! :D

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  2. Oi, indicamos seu blog para o The Versatile Blogger Award , dê uma olhada lá eujaliesselivro.blogspot.com.br

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    1. Oi, Gabi! Muito obrigado pela indicação, fiquei muito feliz :D
      Infelizmente não participo de correntes, mas mesmo assim vou me lembrar com carinho de você por ter lembrado do blog!
      Beijos! :D

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  3. Adorei este conto, tu é bom na escrita sim! ^^
    Curti!

    http://www.livrosechimarrao.blogspot.com.br/

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    1. Ana Paula <3 Muito, muito obrigado! Você não sabe como elogios desse tipo me emociona, sério mesmo! Brigadão!!! *----*
      Beijos!

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